Não é conhecido o alvará régio que criou a freguesia do Porto do Moniz. Quando se efetuou, no século XV, o povoamento do extremo noroeste da Madeira, aquelas terras eram invariavelmente conhecidas pela designação de Ponta de Tristão, por ter sido o capitão Tristão Vaz Teixeira o primeiro a lá chegar (no inicial reconhecimento da costa insular). Foi precisamente o capitão de Machico que doou de sesmaria as vastas terras virgens da Ponta de Tristão a João Lourenço de Mirandela, fidalgo da Casa Real, o qual teria falecido em 1516. Em 3 de outubro desse ano efetuou-se, na «Janela de Clara nas casas de morada de João Lourenço que Deus haja», o inventário dos seus avultados bens, tendo cabido grande parte deles ao seu único filho varão Francisco Moniz – que forneceria o seu próprio nome ao porto ali existente, cujo topónimo estender-se-ia, mais tarde à futura freguesia.
Por essa época, já ali estaria erguida, perto do mar, a primitiva ermida dedicada a Nossa Senhora da Conceição. O diploma mais remoto quanto ao exercício do culto divino naquele templo, data de 9 de junho de 1520. Trata-se dum alvará régio mandado servir na «capelania» da igreja da Ponta de Tristão, António Anes, em substituição do anterior capelão Francisco Anes, que se achava enfermo.
Tudo leva a crer que a freguesia só seria criada em 1572. O livro primitivo de registos paroquiais remonta àquele ano e o termo mais antigo nele exarado data de 14 de outubro de 1572. Trata-se dum batismo efetuado por António Coelho, vigário da Igreja da Conceição da Ponta de Tristão. Por sua vez, o termo de óbito mais recuado foi efetuado em 12 de dezembro de 1572, quando faleceu Francisco Cabral «freguês desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Ponta de Tristão».
Para a história da freguesia importa referir ainda dois documentos – uma carta de D. Sebastião, de 12 de março de 1574, que concedeu 3000 réis anuais à Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Ponta de Tristão e um alvará do mesmo rei, de 1 de março de 1577, acrescentando 2700 réis ao vencimento do vigário de Nossa Senhora da Conceição do Porto Moniz, sobre o ordenado «que tinha da sua primeira criação». Este último documento afigura-se interessante por duas razões. Por um lado, trata-se do primeiro acrescentamento do ordenado do vigário após a «criação» da freguesia, o que parece significar que fora fundada há relativamente pouco tempo, decerto durante o ano de 1572, como referimos; e, por outro, surge pela primeira vez o topónimo Porto do Moniz atribuído à freguesia, em lugar da anterior designação – Ponta de Tristão.